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O que é Dislexia

 

Epistemologicamente, Dislexia é uma alteração nos neurotransmissores cerebrais que impede uma criança de ler e compreender com a mesma facilidade com que as crianças da mesma faixa etária. Todo desenvolvimento da criança é normal, trata-se de um problema de base cognitiva que afeta as habilidades linguísticas associadas à leitura e à escrita (DROUET, 2003, p.137).

 

A Dislexia vai emergir nos momentos iniciais da aprendizagem da leitura e da escrita, é uma dificuldade específica nos processamentos da linguagem, para reconhecer, reproduzir, identificar, associar e ordenar os sons e as formas das letras. As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas. A dislexia é herdada, portanto, uma criança disléxica tem um pai, tio ou primo que também é disléxico e a incidência difere de acordo com o sexo: para cada três homens disléxicos há apenas uma mulher.

 

Segundo SELIKOWITZ (2001,p. 3), para melhor entender a causa da dislexia, é necessário conhecer, de forma geral, como funciona o cérebro. Diferentes partes do cérebro exercem funções específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente relacionada à linguagem; nela foram identificadas três subáreas distintas: uma delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons.

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​Dessa forma, a criança passa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória permanente que imediatamente reconheça palavras que lhe são familiares. À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, esta parte do cérebro passa a dominar o processo e, conseqüentemente, a leitura passa a exigir menos esforço. O cérebro de disléxicos, devido às falhas nas conexões cerebrais, não funciona desta forma. 

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No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente à área cerebral que processa fonemas. A consequência disso é que disléxicos têm dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e desconhecida (SELIKOWITZ,2001, p. 4). No disléxico a idade de leitura pode ser até dois anos inferior à idade cronológica e esse déficit se traduz em dificuldades e demora para ler, geralmente observa-se também grafia ruim e erros ortográficos ao escrever, assim como omissão de letras e espelhamento.

 

A dislexia não tem cura, mas existem tratamentos que permitem que as pessoas aprendam estratégias para ler e entender. A maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência na leitura. Esses tratamentos ajudam os disléxicos a reconhecer sons, sílabas, palavras e, por fim, frases. Ajudar disléxicos a melhorar sua leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção, mas toda criança disléxica necessita de apoio e paciência, pois essas crianças sofrem de falta de autoconfiança e baixa autoestima, pois se sentem menos inteligentes que seus amigos. (MARTINS, 2004).

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Embora os disléxicos tenham grandes dificuldades para aprender a ler, escrever e soletrar, suas dificuldades não implicam em falta de sucesso no futuro, haja vista o grande número de pessoas disléxicas que obtiveram sucesso.  Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress (Gorman, 2003). 

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Classificação da Dislexia

 

Dislexia do desenvolvimento: caráter genético e hereditário, de origem neurobiológica;


Dislexia adquirida: ocorre em decorrência de um fato, trauma ou lesão na região do lobo temporal do cérebro, que é a responsável pelo desenvolvimento e produção das habilidades de leitura e escrita.

Alguns autores classificam ainda  a dislexia tendo como base testes diagnósticos, fonoaudiológico, pedagógicos e psicológicos. Conforme Lanhez (2002), a dislexia pode ser classificada em:

 

1. Dislexia disfonética;

2. Dislexia diseidética;

3. Dislexia visual;

4. Dislexia auditiva;

5. Dislexia mista.

Para Moojen apud Rotta (2006), é possível classificar a dislexia em três tipos:

 

1. Dislexia fonológica (sublexical ou disfonética);

2. Dislexia lexical (de superfície);

3. Dislexia Mista.

O papel do professor

A primeira tarefa do professor é resgatar a autoconfiança do aluno. Descobrir suas habilidades para que possa acreditar em si mesmo ao se destacar em outras áreas. O professor das fases iniciais, deve ele próprio construir os seus instrumentos de diagnóstico pedagógico (diagnóstico informal) a fim de conduzir a sua atividade mais coerentemente.

 

É do maior interesse o uso de instrumentos que permitam detectar precocemente qualquer dificuldade de aprendizagem, pois só assim uma intervenção psicopedagógica pode ser considerada socialmente útil, pois quanto mais tarde for identificada a dificuldade, menos hipóteses haverá para solucionar corretamente.  (FONSECA, 1995).

É importante que o professor explique à criança o seu problema, sente ao lado dela, não a pressione com o tempo, não estabeleça competições com os outros, que seja flexível quanto ao conteúdo das lições, que faça  críticas construtivas, estimule o aluno a escrever em linhas alternadas (o que permite a leitura da caligrafia imprecisa), certifique-se de que a tarefa de casa foi entendida pela criança, peça aos pais que releiam com ela as instruções, evite anotar todos os erros na correção (dando mais importância ao conteúdo), não corrija com lápis vermelho (isso fere a suscetibilidade da criança com problemas de aprendizagem), e procure descobrir os interesses e leituras que prendam a atenção da criança.

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 O papel dos pais na dislexia do filho

 

Os pais precisam ficar atentos a frustrações, tensões, ansiedades, baixo desempenho e desenvolvimento apresentado pelos filhos. Cabe a eles a responsabilidade de ajudar a criança a ter resultados melhores, e deve partir deles, a procura de profissionais para realizar um diagnóstico multidisciplinar a cerca das dificuldades da criança, porque quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e intervenção melhor, maiores são as oportunidades de sucesso.

 

O encorajamento, a ajuda, a compreensão e a paciência (pois o disléxico leva mais tempo para realizar algumas tarefas, e poderá ter de repeti-las várias vezes para retê-las), fazem parte do papel dos pais, assim como ir a busca de uma instituição educacional que atenda da melhor maneira às necessidades da criança (por exemplo, estudar o currículo da escola e seu método de ensino). E ter uma relação de troca, fazendo um intercâmbio entre os acontecimentos em casa, na escola e com os profissionais envolvidos.

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Quais as principais causas?


As causas ainda não são conhecidas, mas, segundo especialistas, estudos sugerem que há diferenças estruturais e funcionais no desenvolvimento do cérebro das pessoas com dislexia. Isso explicaria, por exemplo, a dificuldade que o disléxico tem para identificar alguns sons individualmente dentro de uma palavra ou entender os sons que as letras representam.

Sinais de dislexia


Atraso de linguagem;
Atraso de fala;
Dificuldade em reconhecer letras;
Dificuldade com rimas e canções;
Dispersão;
Fraco desenvolvimento da atenção;
Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
Dificuldade com quebra-cabeças;
Falta de interesse por livros impressos.

Os sintomas

 

Geralmente, surgem na primeira infância, entre 4 e 6 anos, idades em que a maioria das crianças começa o processo de alfabetização. Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas, e dificuldade em manusear mapas ou dicionários podem indicar o problema. Nesses casos, a criança é submetida a testes de triagem que podem ser feitos na pré-escola para identificar possíveis graus de dislexia.Disléxicos típicos podem não conseguir falar sons como L ou R. Já disléxicos não típicos costumam trocar as letras S e T ou D e T, por exemplo.​

 

Outro ponto de observação é que as pessoas com dislexia têm problema com a consciência fonológica, que é a dificuldade de perceber que uma palavra é constituída por sílabas e as sílabas são constituídas por vogais e consoantes. A criança disléxica, por exemplo, pode não conseguir assimilar a estrutura das palavras, ter dificuldades com rimas e canções, dificuldade em reconhecer letras, ser desorganizada e não ter um método de brincar.​

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Fatores de risco


Histórico familiar (hereditariedade);
Indivíduos do gênero masculino

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Diagnóstico

O diagnóstico da dislexia é feito por uma equipe multidisciplinar que inclui neurologista infantil, fonoaudiólogo, pedagogo e neuropsicólogo. São aplicados testes específicos para identificar a dificuldade específica na leitura. Uma avaliação neuropsicológica também é importante, pois o QI da pessoa tem de estar dentro da normalidade. Se estiver abaixo da média, as dificuldades relacionadas à aprendizagem, provavelmente, não têm relação com a dislexia. O transtorno não tem ligado nenhuma com incapacidade intelectual.

Como se trata de um transtorno específico de leitura, o diagnóstico só é realizado quando as crianças começam a ser alfabetizadas, por volta dos 6 ou 7 anos. Entretanto, os sinais de alerta precoces podem indicar dislexia em crianças em idade pré-escolar. Algumas pessoas, inclusive, chegam à fase adulta sem nunca terem sido diagnosticadas. Nestes casos específicos, ao ser reavaliado o comportamento  escolar do indivíduo, é possível observar notas baixas e desinteresse nos estudos, principalmente.

Tratamento


A dislexia pode se apresentar em formas leves, moderadas e graves e o tratamento é semelhante para todas elas, com terapia fonológica e suporte psicopedagógico. Ele deve ser implementado o mais cedo possível, para que não afete a vida acadêmica da pessoa com dislexia. Não existem medicamentos para tratar esse tipo de transtorno. As terapias realizadas com fonoaudiólogo e psicopedagogo ajudam no processo de decodificação e identificação adequada das letras e dos sons. É fundamental que seja implementado um método sistemático de aprendizado da leitura com apoio de todos os sentidos (visão, audição e tato) de forma conjunta.

Muitas vezes, a dislexia é uma condição comórbida em pessoas com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Nesses casos, o tratamento medicamentoso do TDAH é essencial para o sucesso da terapia para a dislexia. Com acompanhamento correto e apoio de pais e familiares, é possível ter excelentes resultados, evitando comorbidades futuras, como abandono escolar, transtorno de conduta na escola, depressão, ansiedade e autoestima baixa.

Fontes:

Antonio A. Belelli - Neurocientista e Neuropedagogo

Bianca Queiroga, fonoaudióloga e professora do Departamento de Fonoaudiologia da UFPE 

Christiane Cobas, neurologista do Hospital Sírio-Libanês;

Ana Márcia Guimarães, pediatra especializada em Desenvolvimento e Comportamento Infantil 

Luiz Gustavo Simi, psicólogo, pesquisador e coordenador de projetos da ABD 


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